Pesquisar, escarafunchar a
identidade cultural de uma comunidade não é das mais fáceis tarefas. É mister
ser percuciente e paciente. No caso específico, na região o “grande mapa da
mina” se encontra no livro do historiador Grinalson Medina – Páginas da nossa
terra - o qual é edição única. É similar ao legendário Pergaminho do Mar Morto da
Ordem dos Templários. Se o marco zero foi o Porto fluvial da Vila da
Limeira(onde estudou o médico sanitarista e premiado José Coelho dos Santos) conhecida
também como Cachoeira do Inferno, refletindo em Ponte do
Itabapoana, que foi a primeira sede de Mimoso do Sul, permito-me remeter a existência então
Coletoria Federal ou o longevo Bloco do
Marujo, que no passado encantou os carnavais de Ponte do Itabapaoana. Nada mais a acrescentar até a data atual, como viés cultural
mais denso. Aproximadamente trezentos anos depois o primeiro posseiro se
instala em 1837 em São Pedro do Itabapoana que se consolidou e vicejou galgando a status
Vila, até a tomada pelas armas em 02/11/1930. Daí o declínio da Vila, com a larga diáspora em direção aos
centros urbanos mais desenvolvidos. A vida cultural sãopedrense é interrompida. Os ícones
fundadores de São Pedro, e seus familiares são compulsoriamente expulsos.
Retiraram o chão desses munícipes. O caldo cultural não foi “incorporado” pelos
estrangeiros de origem itálica e nem pelos filhos deles. Em 1930 a sede se
transfere pela imposição dos fuzis, para o então distrito de Mimoso. O município progride
com os cafezais abundantes, e bons preços de mercado. A construção da via férrea(1896),
provocou transmigrações difusas. Não se permitiu consolidar uma cultura com
franjas atávicas, que se transformasse num processo cultural permanente. No distrito de Conceição do Muqui há suaves confirmações culturais quando a comunidade se organiza bissextamente nas atividades simbolizadas pela culinária, dança e coral ítalosanmarinenses. No outro festejado distrito de Santo Antônio do Muqui (a mais eficaz preservação da tradição da região) desde As Pastorinhas de inspiração místico-religiosa, passando pelo Jaguará, reverenciado pela cabeça de burro estilizada, Saci Perêre, de domínio nacional, juaboi, pai joão e mãe maria e o morcegão, o chupa-sangue dos bovinos, dança italosanmarinense, e outras manifestações, onde se amálgama as etnias indígena-luso-afrodescendente e por último a etnia ítalosanmarinense Em Mimoso do Sul (sede) abre-se exceção para as Folias de
Reis, que resistem bravamente, em torno de oito agremiações. Mimoso do Sul, foi brilhante no setor educacional, tendo a escola pública local, orgulho daqueles que usufruíram do ensino de altíssima qualidade, em diversas décadas
passadas. Pode ser um fio condutor, poder-se-á ser aprofundado. Tal como herança do povo de origem sírio e libanesa, desde a gastronomia até os rituais religiosos, de indicativo maronita. Descortinar
e alimentar as culturas ora vigentes, como o caxambu, primo do jongo (de onde se origina o samba) preservado na
Serrinha em Madureira(RJ), poderá se empreender um garimpo, quiçá poder-se-á despertar o inconsciente coletivo regional. Ao olhar os extremos d'Os
Pontões, poderá encontrar nos céus conceiçuenses o corajoso e competente Comandante Lott
praticando wingsuit, e na estrela mais brilhante são os olhos esverdeados do Comandante Brito. As festas juninas
no passado foram marcadas no idioma de Rosseau. Partes
das músicas eram orquestradas, e as outras da Bossa-Nova e da Música Popular Brasileira também. O Rio de Janeiro, a segunda
cidade de todos nós, tem no samba a maior riqueza cultural brasileira. Parafraseando o poeta mangueirense Nelson Sargento: o samba agoniza mas não morre. E Dona América distrito ao lado do Rio de Janeiro, há suspeitas de ter sido um quilombola. O poder público ignora a dar prioridade investigativa ontológica, pois lhe falta cultura historicista. Abaixo da linha do Equador, a via crucis é barra pesada.
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